RPG - Artigos & Dicas : Mulheres Jogando - e arrasando!

segunda-feira, 24 de maio de 2010



 por Hell_Malhame

“Que ótimo... aqui estamos nós, nessa bendita Dungeon esquecida por Moradin, levando pancada na cuca de um monte de seres esquisitos e mais fedorentos que o bárbaro, enfrentando todo tipo de morto-vivo, com armas de fio cego, sem comida, sem mapa e sem perspectiva de vida... mas a maldita elfa ainda acha tempo pra pentear as tranças!! ”

Daurun Braço de Moradin – Anão do escudo, perdido em Underdark com um Bárbaro humano desmiolado, um halfling que acha ter magia, um feiticeiro que tem magia – mas não usa - e uma elfa da lua extremamente asseada – e sem nenhuma utilidade aparente, exceto pela espada sagrada que tem na mão e não sabe...

Depois de presenciar diversas picuinhas entre os jogadores, e pela óbvia diferença entre o número de homens e mulheres rpgistas (todas as garotas devem ter em sua ficha pessoal Minoria, defeito de 1 ponto em Witchcraft, 15 em Gurps), achei que seria interessante dissertar um pouco sobre o assunto. Pensei: Por que alguns – vejam bem, eu disse ALGUNS – jogadores insistem em dizer que RPG é coisa pra ‘macho’? Sim, acreditem, já ouvi isso muitas vezes, em tom de brincadeira, mas, como diz minha mãe, toda brincadeira pode ter um fundo de verdade...


Com os meus comentários bem humorados nas tentativas de apaziguar os ânimos entre os participantes de determinada lista de discussões, o que quase sempre é possível, percebi o tamanho da influência feminina nesse meio. Não querendo me gabar, mas já perceberam que, numa mesa onde a mulher é que é o “bendito é o fruto”, os palavrões ou são silenciados ou são minimizados, os players prestam mais atenção ao que rola, ou, pelo contrário, desconcentram-se totalmente, mas não saem da mesa nem por reza! É uma boa maneira de acabar com as conversas paralelas e fazer os caras comerem de boca fechada. A maioria acha muito bem vinda a presença feminina na mesa, deixando-a mais cheirosa inclusive, mas algumas piadas sempre se fazem presentes, principalmente se estamos lidando com amigos de anos de convivência, que já possuem certa intimidade para tais.

Descobri, em algumas das minhas mesas de jogo, que a princípio, muitos jogadores temiam por uma Mestra, ou por uma Narradora. Com o tempo ganhei a confiança e o respeito deles. Era muito engraçado, quando o NPC principal da história possuía certas “protuberâncias”, eu logo ouvia: é uma mulher??? E eles me ouviam dizer: É sim, por quê? Vocês têm algum problema quanto a isso? Porque, se tiver algum problema com liderança feminina a gente pode resolver de maneira rápida e sucinta: posso apresentar todos vocês à espada dela, o que acham?


Maneira eficiente de fazer um jogador pensar duas vezes antes de dizer uma gracinha do tipo: prefiro que me sufoque, se é que me entende..., o que sempre resultava em uma bela #OOPS#da de quebrar o nariz – no personagem, claro – é recorrer ao método “eu sou o mestre e esse é meu personagem mais amado, entende?”. Mas nem sempre é necessário apelar pra esses recursos. Algumas vezes só é preciso relevar a piada e ignorar o comentário machista. Um método feminino aprimorado por anos e anos.

Mesmo em Senhor dos Anéis as mulheres têm um papel importante, apesar de um pouco curto. Elas, que antes não participavam ativamente em batalha ou disputa alguma, impressionaram leitores de Tolkien; foram criadas para maravilhar homens, elfos e anões com sua beleza, sabedoria e blá blá blá (Lúthien, Galadriel, etc.), até que, uma senhora humana de nome Éowin, desobedece às ordens de seu tio, toma sua espada e vai à guerra, além de matar o Rei dos Bruxos de Angmar, detalhe mínimo... (estou sendo irônica, obviamente).


Em WitchCraft, como já citei acima, as mulheres são minoria no meio mágico e ganham automaticamente o defeito de 1 ponto. Não perdem poder por isso, mas também não ganham nada. Conheço uma Wicce, por exemplo, que é a única personagem da mesa que tem algum amor pela vida alheia e vive salvando personagens canalhas e descarados, como um certo Solitário canastrão, de suas encrencas.

No World of Darkness, uma Fúria Negra não deixa a desejar contra nenhum Fenrir – mas o tal do Poder de Thor, que apelo! – considerando belos dons como Coup de Grace, e outros combos possíveis, além de uma bela Grande Adaga, claro, que fica espetacular quando empunhada por uma mulher.



Em D&D, por exemplo, a diferença entre “machos” e “fêmeas” pode ser resolvido de maneira mais justa, afinal, tanto um quanto o outro podem ter níveis absurdos, magias devastadoras, espadas (afiada, master work, abençoada, +2, ou tudo isso e mais um pouco) e armaduras inquebráveis. Exceto em alguns clãs ou comunidades (como a de alguns povos bárbaros) onde as mulheres não passam de objeto de troca ou “cidadão de segunda categoria”, os dois são bem equilibrados.



Em Dragonlance, Laurana, uma elfa qualinesti, de tendência boa, comandou homens e dragões metálicos, encantando mesmo o inabalável Raistlin Majere com seus olhos de ampulheta, que nela não enxergou um mínimo traço de morte.



Em compensação, humanas como Kitiara, capazes de tudo por poder, servem a deusas malignas e tornam-se grandes comandantes de exércitos de dragões. As belas vampiras do Mundo das Trevas continuam a aprontar as suas por aí. Retire dessa lista de “belas” coisas como Baba Yaga, que mesmo feia que dói, tem um poder absurdo! Mas o que estamos tratando aqui é de poder, não de beleza, de capacidade, não de aparência, apesar dela ajudar em muitos casos. As Sucubbus, por exemplo, têm outra maneira de obter poder. Não muito correta, mas eficiente contra homens...



Boas ou más, as mulheres são sempre bem-vindas. Nunca me rejeitaram ou duvidaram da minha capacidade como Mestra ou jogadora em mesa alguma. Afinal, quem não gosta de ouvir uma bela risada feminina e se divertir com a empolgação das principiantes que levam tudo a sério? Se você não tem uma garota jogando com você, está perdendo, no mínimo, uma boa chance de dar risada junto com elas, falo por mim mesma, além de uma oportunidade de entender um pouco mais do universo feminino – isso é uma Dungeon que te daria no mínimo 50.000 em XP, RM 40 e 10 Ranks em Diplomacia!

Fonte: http://www.rederpg.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=2842

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