RPG & Educação : O Projeto Água

sábado, 22 de maio de 2010

RPG & Educação : O Projeto Água


Por Luiz Felipe "Taz", Fabiano Feltrin "Biano". Rodrigo Silva "Tio Rod" e Vanusia Lopes.


Alunos com idéias para aulas mais interessantes, uma professora disposta a acreditar neles, uma idéia de um projeto envolvendo todo o colégio, assim começou a ser desenhado o Projeto Água.

A idéia de usar o RPG nas aulas já vinha de algum tempo, foi uma idéia que foi cultivada por nós alunos e pela nossa professora de História por quase um ano até ser implementada durante o Projeto Água. Mas afinal, o que foi o Projeto Água?



Um Projeto onde todo o colégio foi envolvido, focando o Rio Tietê e idealizado pela professora de História Vanusia Lopes Petean, onde os alunos se dividiram em grupos mistos (contando com alunos de 4º série até 3º colegial), sobre temas relacionados à água e de modo mais específico, o rio Tietê, eram grupos como Turismo, Agricultura, Transportes, etc e o diferencial, um grupo de RPG. Mas afinal, um grupo de RPG num projeto de uma escola Salesiana, como pode isso ?





O RPG



O grupo do RPG era o único “pré-estabelecido” dentro do projeto, afinal , o nosso grupo de RPG já existia muito antes de qualquer projeto. Um grupo de alunos que jogam RPG e uma professora “louca” o bastante para acreditar neles. Vamos criar uma aventura de RPG para o Projeto Água ? Claro, vamos! Qual o tema ? Rio Tietê.



Realmente, não era o tema mais propício para nós criarmos uma aventura, ainda mais se levando em conta que nós não poderíamos por milhares de orcs famintos para comer os jogadores nem dragões imensos que os pusessem para correr feito moças, afinal, eram crianças que provavelmente nunca ouviram falar de RPG, parecia que realmente esse seria um problema e tanto, mas nós topamos o desafio.



Durante o desenvolvimento das aventuras, fomos no II Simpósio de RPG e Educação, promovido pela Devir ano passado, o que nos ajudou e muito, principalmente abrindo nossas mentes para novas visões de jogo.



Então iniciamos as aventuras, mas que sistema usar? Chegamos à conclusão que o sistema ideal para nossas aventuras seria simplesmente não usar sistema algum, apenas puro Roleplaying. Então problema resolvido? Não. Chegamos finalmente à história. Mas como passar a mensagem da aventura e manter um contexto aceitável, afinal nossos jogadores tinham de aprender algo com a aventura, e não fazer apenas uma “aula interativa”. Após algum tempo, conseguimos finalmente chegar não só a uma, mas duas aventuras, uma para os alunos do primário (1ª a 4ª série) e uma para os alunos do ginásio e colegial.



Agora só faltavam os dados para a parte pedagógica das aventuras, para isso, tivemos de acompanhar não somente o andamento do trabalho do nosso grupo, mas como também saber tanto quanto ou mais que os outros grupos, afinal, as informações das aventuras viriam deles e nós por conseqüência acabamos aprendendo sobre todos os temas.





Aventura: O Espírito do Tietê



Nessa primeira aventura, destinada a alunos do primário, os personagens encontravam um espírito das águas no Tietê que lhes pedia ajuda para recuperar suas forças e poder assim proteger o rio. Mas para isso, era necessário recuperar o medalhão que dava poderes ao Espírito e que, por sua vez, foi fragmentado e espalhado pelos locais do rio e cabia aos personagens encontrar os fragmentos deste. Então, tinha inicio a busca dos jogadores, passando por um hospital, uma hidrelétrica, uma estação de tratamento de esgoto entre outros locais. Em cada local, os personagens encontravam um guardião do medalhão, e para que pudessem obter o fragmento do medalhão, teriam de responder a uma pergunta.



Essa aventura foi mestrada para alunos da 1ª à 4ª série, antes do dia da apresentação dos outros grupos do projeto, em classes com uma média de 23 a 32 alunos, onde os alunos eram divididos em 3 grupos e 4 mestres (havia um mestre para cada grupo, para auxiliar cada grupo e um mestre “geral” que narrava a aventura).





Aventura: Os Viajantes do Tempo



Num futuro não muito distante, a água se tornou o bem mais precioso do planeta, guerras foram travadas e nações dizimadas na busca dela. Agora, poucas fontes nos restam e o Conselho Mundial resolve mandar um grupo de agentes de volta no tempo para investigar quando teve inicio a poluição das fontes de água potável. Durante a aventura, os personagens descobrem que quem começou a poluir o Tietê teria sido uma empresa de energia elétrica, onde seus empregados eram, na verdade, aliens em busca da dominação mundial.



Essa aventura, foi realizada no dia do projeto junto com a exposição dos outros grupos, como um live-action dentro do colégio para os alunos do ginásio e colegial interessados. Foram cerca de 40 alunos, cada um sendo um personagem próprio, mais uma vez, sem sistema pré-definido, sem dados ou fichas, apenas roleplaying.





A Experiência



Foi uma experiência nova para todos nós, que apesar de termos em média 5, 6 anos de RPG, nunca havíamos feito nada do gênero. Criar uma aventura com um tema nada propício, mestrar para crianças com menos da metade da nossa idade, nós nos tornamos professores por algumas horas, sentimos na pele o que um professor passa, aprendemos a temer a frase “a classe é de vocês”.

Foi sem dúvida uma experiência muito boa, os alunos realmente participavam ativamente da aventura, principalmente os do primário que eram os que mais se empolgavam, davam idéias, pensavam em soluções, algumas absurdas, mas ainda sim eram soluções, buscavam as respostas e davam um “feedback” muito bom para o mestre. Alguns alunos do primário nos surpreenderam, já tendo algum conhecimento sobre o RPG, a maioria através dos RPG´s eletrônicos, mas alguns já conhecendo GURPS, D&D e 3D&T.





O Resultado de tudo

Foi um desafio e tanto, usar o RPG dentro de uma escola religiosa e tradicional, onde ele nunca foi muito bem visto e as expulsões da biblioteca eram freqüentes, romper com a nossa visão do RPG apenas como jogo, descobrir todo o potencial até então oculto do RPG dentro da educação, sentir a responsabilidade de sermos os nossos próprios coordenadores de grupo, já que nós precisávamos de autonomia para criar as aventuras, ter a confiança da professora depositada em nós e poder corresponder a ela, mostrar que professores e alunos podem andar juntos para melhorar o ensino.

Hoje em dia, ainda somos chamados de “tios”, mas aprendemos muito e sem dúvida, foram algumas das sessões mais diferentes das quais nós já participamos.


Fonte: http://www.rederpg.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=2183


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